16.7.07

ΜΑΡΙΟ ΝΤΕ ΣΑ-ΚΑΡΝΕΪΡΟ

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Mário de Sá-Carneiro
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Η ΠΤΩΣΗ
Κι εγώ που είμαι ο βασιλιάς σε όλη αυτή την ασυναρτησία
Μια δίνη είμαι κι ο ίδιος, ποθώ να τη στεριώσω
Γυρνώ για να ξεφύγω... Μου ξεγλιστράν ωστόσο
Όλα μες στην ομίχλη μέσα στην υπνηλία.
Στα χέρια μου όταν τυχαία πέσει ψήγμα από χρυσό
Ψευτίζει ευθύς αμέσως... οι στόχοι είναι μακρινοί...
Πεθαίνω απαξιώντας τον κάθε θησαυρό,
Στη στέρηση πεθαίνω, απ’ την υπερβολή.
Το χρώμα με λαμπρύνει ως τη λιποθυμία,
Τα χέρια μου τεντώνω ψυχωμένα – κι απ’ το σπασμό νικιέμαι!...
Κοσκίνισμα υπό σκιάν – για ένα τίποτα περνιέμαι...
Και όμως ακόμη με δονεί η φωτερή αγωνία.
Να με νικήσω αδύνατον, για συντριβή είμαι ικανός,-
Πτώση και νίκη ενίοτε το ίδιο είναι γεγονός -
Και όπως είμαι ακόμη φως, γοργά πισωπατώ,
Κορώνω μέχρι τέλους, με ιδανική οργή:
Κοιτώ τον πάγο αφ’ υψηλού, στον πάγο ο στόχος να ριχτώ...
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Έπεσα....
Και απομένω μόνος καθώς στον εαυτό μου έχω πια συντριβεί!...
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Μετάφραση: Νίκος Πρατσίνης
(Αναδημοσίευση από το ηλεκτρονικό πολιτιστικό περιοδικό ΗΡΙΔΑΝΟΣ, τεύχος 11
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Mário Sá-Carneiro nasceu em 1890 e suicidou-se em 1916, em Paris, antes de completar 26 anos. "A Confissão de Lúcio" trata basicamente do triângulo amoroso formado pelo escritor Lúcio, o poeta Ricardo de Loureiro e a sua esposa Marta. Uma noite, em conversa com Lúcio e antes de conhecer sua esposa, Ricardo resolve revelar-lhe uma estranheza de sua personalidade. Deixemos a palavra a Sá-Carneiro:
Ricardo deteve-se um instante, e de súbito, em outro tom: - É isto só: - disse - não posso ser amigo de ninguém... Não proteste... Eu não sou seu amigo. Nunca soube ter afetos (já lhe contei), apenas ternuras. A amizade máxima, para mim, traduzir-se-ia unicamente pela maior ternura. E uma ternura traz sempre consigo um desejo caricioso: um desejo de beijar... de estreitar... Enfim: de possuir! (...) Para ser amigo de alguém (visto que em mim a ternura equivale à amizade) forçoso me seria antes possuir quem eu estimasse, ou homem ou mulher. Mas uma criatura do nosso sexo, não a podemos possuir. Logo, eu só poderia ser amigo de uma criatura do meu sexo, se essa criatura ou eu mudássemos de sexo.
E Ricardo diz mais:
Entretanto estes desejos materiais (ainda não lhe disse tudo) não julgue que os sinto na minha carne; sinto-os na minha alma. Só com a minha alma po­deria matar as minhas ânsias enternecidas. Só com a minha alma eu lo­graria possuir as criaturas que adivinho estimar - e assim, satisfazer, isto é, retribuir sentindo as minhas amizades.
Depois, Ricardo casa-se com uma belíssima mulher, Marta. Lúcio a conhecerá e será seu amante, porém, mesmo com toda a intimidade adquirida, nunca saberá nada de seu passado ou de seus planos. Saberá apenas que ela também mantém casos amorosos com alguns outros amigos de seu marido. Depois, Lúcio, presa de loucos ciúmes dos outros e sem entender a aparente indiferença de Ricardo a tudo isto, resolve matá-lo e, matando-o, faz desaparecer Marta. É como se ela nunca houvesse existido.
Ainda Ricardo falando a Lúcio:
- Ai, como eu sofri... como eu sofri!... Dedicavas-me um grande afeto; eu queria vibrar esse teu afeto - isto é: retribuir-to; e era-me impossível!... Só se te beijasse, se te enlaçasse, se te possuísse... Ah! mas como possuir uma criatura do nosso sexo. ...
E ele volta à lenga-lenga: ... Marta é como se fora a minha própria alma... estreitando-te ela, era eu próprio quem te estreitava... Satisfiz minha ternura: venci! Chegou a hora de dissipar os fantasmas... Repito-te: foi como se a minha alma, sendo sexualizada, se materializasse para te possuir...Então ouve-se o tiro disparado por Ricardo contra sua esposa Marta, mas quem morre é Ricardo. No mesmo momento, Marta desaparece como que por encanto. É um suicídio, claro. Ricardo, dando um tiro em sua alma sexualizada e materializada, mata-se. Mas Lúcio é quem cumpre pena por ter matado o amigo
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