2.11.06

ΣΕΞΟΥΑΛΙΚΟΤΗΤΑ ΚΑΙ ΕΡΩΤΙΣΜΟΣ

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SEXUALIDADE E EROTISMO
por Adriana Sommer da Costa
É na sexualidade que reside o erotismo, mas é através da mente humana que nascem todos os contextos históricos, que através dos tempos nos ajudam a entender os conceitos sobre o erotismo.
O que nos traz a idéia de erotismo é toda uma historia de beleza sexual, de fantasias eróticas, uma essência vital que acompanha a arte do sexo e da sexualidade. O erotismo possui em seu conteúdo, a estética corporal que deve ser vista, admirada e contemplada.
Segundo o conceito encontrado no dicionário Houaiss da língua portuguesa, o erotismo pode ser definido como: 1) estado de excitação sexual; 2)tendência a experimentar a excitação sexual mais prontamente que a média das pessoas; 3) sexo em literatura, arte ou doutrina; 4) estado de paixão amorosa.
Por trás do erotismo, há toda uma história de culturas, crenças, religião, o corpo físico e muito mistério, que envolve e traz uma certa inquietude na relação do homem com a natureza humana.
A compreensão da palavra erotismo vem sofrendo grandes transformações ao longo do tempo, e estas vem das nossas próprias percepções de mundo, as sensações que experimentamos em nossa vida, nossos sonhos, desejos e idealizações com os sexos.
O fator pensante do homem, faculdade esplêndida que, nos diferencia dos animais, é a tônica do erotismo, pois tem seu ponto culminante no uso da criatividade. A exploração da arte, da beleza dos corpos, em união ou não, o valor simbólico de imagens, isso é realmente maravilhoso e inesgotável. A arte não se esgota e o erotismo esta intimamente ligado à arte.
Até aí tudo bem, nos referimos apenas a alguns breves comentários sobre o que é, no senso comum, o erotismo. Mas a palavra erotismo traz muito mais conteúdo do que possamos imaginar e, para entendermos melhor, nos reportaremos à história antiga ocidental e recordaremos o que nos diz o texto mais antigo que fala de erotismo.
Esse texto mostra a noção do impulso erótico que busca incessantemente a conexão, união, o mesclado, a multiplicidade e variação das espécies vivas e nós ainda vemos todo esse caráter, principalmente em obras de arte. Mas vejamos o que mais esse antigo texto nos traz.
“O banquete”, do filósofo grego Platão tem como um dos personagens, Arisófanes, que é um dos convidados do banquete, e este conta, que, bem antes do surgimento de Eros, a humanidade era composta de seres, que se compunham de três sexos: o masculino, o feminino e o andrógino. Os seres andróginos eram arredondados e possuíam quatro mãos, quatro pernas, duas faces, dois genitais, quatro orelhas e uma cabeça. Eram seres poderosos com todas essas características e que um belo dia resolveram desafiar os deuses, mas diante disso, foram castigados, com Zeus cortando-os em duas partes. Os andróginos ficaram fracos, porém úteis, pois se tornaram mais numerosos para servirem aos deuses.
Com a divisão de seus corpos, esses seres passaram a procurar suas metades correspondentes, e nos conta a historia, que quando se encontravam, abraçavam-se e se entrelaçavam num grande desejo de unirem-se novamente e assim permanecerem para sempre. Disso se originou Eros, o mito que une o universal e o singular, a energia pura que liga o cosmo a cada ser vivo. Não vamos aqui detalhar a história dos deuses, mas apenas citá-los com alguma reverencia, pois sem esses dados, fica difícil a compreensão do assunto em questão.
No discurso de Arisófanes, há dois aspectos importantes, que derivam dessa noção do erotismo como o impulso em direção à completude. São eles:
1) Referência ao poder de Eros, que é capaz de “restaurar a antiga perfeição” e de reproduzir os seres andróginos;
2) Idéia de “incompletude” e de debilidade dos seres bipartidos que, desprovidos da força de Eros, tornam-se fracos e úteis àqueles que detêm o poder.
Esses dois aspectos articulam os mecanismos de repressão sexual, que vêm sendo sofisticadamente manipulados pelos agentes protetores da ordem social.
Já a arte e toda sua extensão de expressão artística, se realiza em função de um mesmo impulso para a totalidade do ser, para sua permanência além de um instante fugaz e para sua união com o universo. A comunicação que se estabelece entre a obra de arte e o leitor/espectador é nitidamente erótica, pois o primeiro contato entre o espectador e o objeto artístico é sempre sensual: ou aquela obra nos agrada, ou nos desagrada, nos toca e nos conecta, ou nos é indiferente.
Não é uma tarefa simples compreender o erotismo e todas suas manifestações, pois vem durante os séculos, através da história, das sociedades, épocas, de seus personagens, dos mitos, enfim, mas tentei nesse artigo aguçar a curiosidade sobre esse assunto. Se for de maior interesse, voltarei a escrever sobre o erotismo.

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