21.1.07

ΟΛΟΚΛΗΡΟΣ Ο ΚΑΒΑΦΗΣ ΣΤΑ ΠΟΡΤΟΓΑΛΙΚΑ

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Konstandinos Kavafis
por Pedro Mexia
Konstandinos Kavafis é, com Eliot, "o maior poeta da primeira metade do século XX". Assim escreve Joaquim Manuel Magalhães na introdução ao volume Os Poemas (Relógio d'Água). Esta integral Kavafis (154 poemas), em edição bilingue minuciosamente anotada, é a terceira tradução portuguesa do colosso grego, depois de uma versão de Jorge de Sena (1970) e de uma antologia extensa de Magalhães e Nikos Pratsinis (1994), que aqui completam um projecto antigo.
Grego de Alexandria, onde nasceu em 1863 (morreu em 1933), Kavafis foi um discreto funcionário ministerial, um esteta melancólico e um homossexual descomplexado. Anglófono, fascinado pelo esplendor da Antiguidade Clássica, apenas publicou poemas em revistas e em plaquetes oferecidas aos amigos (a primeira colectânea em livro, póstuma, é de 1935). Há muitas razões que fazem de Kavafis um enormíssimo poeta 1) a serenidade clássica 2) a dicção segura e impecável 3) a tristeza aristocrática 4) a cooptação do mito como chave do presente 5) a escassez metafórica 6) o modo alusivo mas natural e elegante como regista episódios eróticos.
Nesta edição imprescindível, Magalhães e Pratsinis abordam todas as minudências linguísticas, onomásticas, textuais, métricas, rítmicas. Kavafis apresenta algumas complexidades ocultas, visto que utilizava diferentes níveis de linguagem e constantes cruzamentos entre uma erudição passadista e o quotidiano mais prosaico. Magalhães lembra uma outra dialéctica decisiva um magistral equilíbrio entre a impessoalidade e a dramatização (pessoalíssima).
Estóico e hedonista, Kavafis é o poeta da temporalidade em todas as suas facetas. E o poeta das vozes do passado e das vozes do presente "vozes íntimas, vindas da ruína, a do tempo, a do quotidiano, a do desejo, tentando atravessar essa ruína, tantas vezes em incitação da própria voz autoral, através de sonhos fúteis de grandeza, de tensas paixões que sabem encaminhar-se para o arruinamento. Contudo, todas essas vozes brilham, por muito que sejam baços, inglórios, derrotados os tempos e os momentos que procuravam a glória de um império, de um fim grandioso no perecimento, de um amor imenso tornado passageiro pelo destino"
(Αναδημοσίευση από την πορτογαλική εφημερίδα Diario de Notícias 28-9-2005)
Και ένα μικρό δείγμα τριών μεταφρασμένων ποιημάτων:
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CINZENTOS

Ao olhar uma opala meio cinzenta
lembrei-me de dois belos olhos cinzentos
que vi; haverá uns vinte anos...
.........................
Durante um mês amámo-nos.
Foi-se embora depois creio que para Esmirna,
para lá trabalhar, e nunca mais nos vimos.

Ter-se-ão desfeado - se vive - os olhos cinzentos;
ter-se-á estragado o belo rosto.
Memória minha, guarda-os tu tais como eram.
E, memória, o que podes deste meu amor,
o que podes traz-me de volta esta noite.

NUM LIVRO VELHO

Num livro velho - mais ou menos de há cem anos -
por entre as suas folhas esquecida,
encontrei uma aguarela sem assinatura.
Devia ser a obra de artista assaz forte.
Levava por título, «Apresentação do Amor».

Mas antes lhe convinha, «- do amor dos ultra estetas».

Pois era evidente quando se via a obra
(com facilidade se sentia a ideia do artista)
que para quantos amam um tanto higienicamente,
mantendo-se dentro do permitido de todas as maneiras,
não era destinado o adolescente
da pintura - com olhos castanhos de cor profunda;
com a beleza selecta do seu rosto,
a beleza das atracções perversas;
com os seus lábios ideais que levam
o prazer a um corpo amado;
com os seus membros ideais moldados para leitos
a que chama depravados a moral corrente.

FUI

Não me manietei. Dei-me totalmente e fui.
Aos deleites, que metade reais,
metade volteantes dentro da minha cabeça estavam,
fui para dentro da noite iluminada.
E bebi dos vinhos fortes, tal
como bebem os denodados do prazer.

1 σχόλιο:

desiderius είπε...

Φίλε erva_cidreira

Έχω ξαναγράψει για το βιβλίο «Συνομιλώντας με τον Καβάφη, σε επιμέλεια Ν. Βαγενά (Κέντρο Ελληνικής Γλώσσας, 2000), το οποίο (παρά τις ατέλειες για τις οποίες μίλησες), γράφει για την απήχηση του Αλεξανδρινού στην παγκόσμια ποίηση. Τονίζεται βέβαια σ’ αυτό η σημαντική διάδοση του έργου του στην Ιβηρική. Εσύ που έχεις, απ’ ότι καταλαβαίνω, αρκετά πάρε δώσε με τον ισπανόφωνο και πορτογαλόφωνο κόσμο, ίσως έχεις σχετικές εμπειρίες σου να μας μεταφέρεις. Όποιος ενδιαφέρεται για το ζήτημα, μπορεί να διαβάσει και την εισαγωγή του Βαγενά από το βιβλίο εδώ: http://www.kavafis.gr/kavafology/articles/content.asp?id=23